Crescimento do crime organizado em São Paulo e uso de fintechsA superintendente da Receita Federal em São Paulo, Marcia Meng, alertou na última quinta-feira (28) sobre a crescente sofisticação do crime organizado no Brasil, especialmente em relação ao uso de fintechs para "bancarizar" dinheiro ilícito. Essa informação veio à tona durante a operação Carbono Oculto, que envolve uma força-tarefa de diversos órgãos federais e estaduais.Fintechs como ferramentas do crime organizado em São PauloMeng destacou que, ao contrário das instituições bancárias tradicionais, as fintechs não estão obrigadas a prestar contas sobre os verdadeiros proprietários dos recursos que movimentam. "O crime organizado se infiltrou em todos os elos da cadeia produtiva de combustíveis. A operação revelou a bancarização desse dinheiro sujo, que agora entra no sistema financeiro através dessas empresas", afirmou.Segundo a superintendente, a falta de transparência nas fintechs gera uma brecha regulatória que pode afetar toda a sociedade. "Uma vez que o dinheiro ilícito está no sistema financeiro, é difícil questionar a origem de bens adquiridos por meio desses fundos", alertou.A comparação com 'Narcos' e a evolução das estratégias do PCCDurante a coletiva, Meng fez uma analogia com a série "Narcos", que retrata o Cartel de Medellín, afirmando que o Primeiro Comando da Capital (PCC) está utilizando métodos semelhantes para movimentar capital ilegal. "Enquanto os traficantes do passado enterravam seu dinheiro, hoje o PCC o bancariza e o coloca no mercado financeiro para render", explicou.O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, enfatizou a necessidade urgente de regularização das fintechs. "Estamos diante de um paraíso fiscal no Brasil, onde a falta de obrigações de transparência permite que o dinheiro entre por contas em nome das fintechs, ocultando o verdadeiro destinatário", disse.Operação Carbono Oculto desvenda esquema milionárioA Receita Federal identificou pelo menos 40 fundos de investimento, controlados pelo PCC, com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões. Esses fundos foram usados para adquirir bens, como caminhões e imóveis, utilizados no esquema criminoso. "Esses fundos atuam como camadas de ocultação de patrimônio, dificultando o rastreamento do dinheiro", afirmou Barreirinhas.As investigações revelaram que o PCC financia a compra de empresas, usinas e até terminais portuários, utilizando uma rede de postos de combustíveis em dez estados brasileiros. Somente entre 2020 e 2024, estima-se que esses postos movimentaram R$ 52 bilhões, com uma baixa arrecadação tributária, levantando suspeitas sobre a origem dos recursos.Força-tarefa e o combate ao crime organizado no setor de combustíveisA operação Carbono Oculto, que mobilizou cerca de 1.400 agentes em oito estados, visa desarticular um complexo esquema criminoso que lesou consumidores e toda a cadeia econômica relacionada aos combustíveis. Estima-se que o PCC tenha sonegado mais de R$ 7,6 bilhões em impostos.A operação é resultado da colaboração entre a Receita Federal, Ministério Público de São Paulo e diversas polícias, destacando a crescente preocupação em combater a inserção do crime organizado na economia formal. "A organização criminosa PCC está associada a uma rede de organizações que garantem a efetividade das atividades ilícitas, especialmente no setor de combustíveis e no sistema financeiro", concluiu Meng.Com a operação Carbono Oculto, as autoridades buscam não apenas desmantelar esse intrincado esquema, mas também alertar a sociedade sobre os riscos da bancarização do crime organizado.{"@context":"https://schema.org","@type":"NewsArticle","headline":"Crescimento do Crime Organizado e Fintechs em São Paulo","mainEntityOfPage":"https://radardodia.com.br","datePublished":"2025-08-28T19:17:48.419Z","dateModified":"2025-08-28T19:17:48.419Z","author":{"@type":"Organization","name":"Radar do Dia"},"publisher":{"@type":"Organization","name":"Radar do Dia","logo":{"@type":"ImageObject","url":"https://radardodia.com.br/wp-content/uploads/2024/01/logo-512.png"}}}...
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