Lula e Mulino: Comércio, Soberania e Sustentabilidade em Debate
Lula Discute Comércio Internacional e Soberania do Panamá em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou questões críticas sobre o comércio internacional durante a visita de Estado do presidente do Panamá, José Raúl Mulino, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quinta-feira (28).
Comércio Internacional como Instrumento de Coerção
Lula apresentou uma perspectiva contundente sobre o comércio internacional, afirmando que ele é “usado como instrumento de coerção”. Embora não tenha mencionado diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suas palavras foram uma clara alusão ao tarifaço imposto pelo país, que afeta o Brasil e outras nações. “Em momentos críticos da história da região, tentativas de restaurar antigas hegemonias colocam em choque a liberdade e autodeterminação dos nossos povos”, disse o presidente.
Defesa da Soberania do Panamá sobre o Canal
O presidente Lula também se posicionou firmemente em defesa da soberania do Panamá sobre o Canal, uma questão que se tornou objeto de disputa com os Estados Unidos. Lula enfatizou que o Brasil apoia a soberania panamenha, conquistada após décadas de luta, e anunciou a decisão de se juntar ao tratado de neutralidade permanente do Canal do Panamá, que já conta com a adesão de mais de 40 países.
Críticas ao Uso Militar no Combate ao Crime Organizado
Durante o encontro, Lula criticou a movimentação de navios militares na região do Caribe, que, segundo ele, utiliza o combate ao tráfico de drogas como pretexto para ameaças de uso da força. “O combate ao crime organizado não pode servir de pretexto para ameaças ilegais de uso de força em violação à carta das Nações Unidas”, afirmou.
Importância da Integração e Sustentabilidade
O presidente panamenho, José Raúl Mulino, destacou em seu discurso a necessidade de integração entre as nações, ressaltando que “não há países autossuficientes”. Ele também defendeu a preservação das florestas amazônica e do Darién, que se estende pelo Panamá, afirmando: “Precisamos preservá-los sempre”.
Cooperação Militar e Comercial entre Brasil e Panamá
No âmbito da cooperação, o Panamá anunciou a aquisição de quatro aeronaves A29 Super Tucano, fabricadas pela Embraer, uma das principais empresas brasileiras.
Tratativas e Desafios Comerciais
Mulino é o terceiro presidente recebido por Lula em agosto, após os encontros com Daniel Noboa, do Equador, e Bola Tinubu, da Nigéria. As conversas com esses líderes foram programadas antes do agravamento das tensões comerciais. Desde 6 de agosto, produtos brasileiros enfrentam sobretaxa de 50% nos Estados Unidos, impulsionando o governo a buscar novos mercados.
Preparativos para a COP 30 em Belém
Lula também tem utilizado essas reuniões para reforçar convites para a COP 30, que ocorrerá em Belém em novembro. O Brasil busca articular um mecanismo que permita a países ricos financiar a preservação das florestas. No entanto, delegações estrangeiras têm expressado preocupações sobre os altos custos de hospedagem na cidade. O governo brasileiro acredita que conseguirá solucionar essa questão e garantir uma representatividade adequada no evento.
Em 2024, a corrente de comércio entre Brasil e Panamá alcançou US$ 934,1 milhões, com o Brasil registrando superávit, principalmente por meio de exportações de petróleo e produtos manufaturados.
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