Lula defende soberania do Panamá e critica EUA durante visita em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações contundentes nesta quinta-feira, 28 de agosto de 2025, durante a visita de Estado do presidente do Panamá, José Raúl Mulino, ao Palácio do Planalto, em Brasília, DF. Lula afirmou que o comércio internacional é “usado como instrumento de coerção”, referindo-se implicitamente às tarifas impostas pelos Estados Unidos a diversos países, incluindo o Brasil.

Presidente Lula condena militarização no Caribe e uso de força ilegal

Em seu discurso, Lula enfatizou a importância da autodeterminação e da liberdade dos povos da América Latina. “Em um dos momentos mais críticos da história da região, tentativas de restaurar antigas hegemonias colocam em choque a liberdade e autodeterminação dos nossos povos”, disse. O presidente brasileiro reiterou o apoio à soberania do Panamá sobre o Canal, que recentemente foi alvo de comentários do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, acerca de um suposto desejo de retomar o controle sobre a estrutura vital para a navegação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Brasil e Panamá anunciam compra de aeronaves e cooperação regional

Lula também aproveitou a oportunidade para criticar a movimentação de navios militares na região caribenha, que, segundo ele, têm sido utilizados sob o pretexto de combater o tráfico de drogas. “O combate ao crime organizado não pode servir de pretexto para ameaças ilegais de uso de força em violação à carta das Nações Unidas”, afirmou. Durante o evento, o presidente panamenho, Mulino, destacou a importância da soberania sobre o Canal e enfatizou que as nações precisam trabalhar integradas, especialmente na América Latina. Ele também defendeu a preservação das florestas amazônica e do Darién, que é parte do Panamá. Em um anúncio significativo, o Panamá revelou a compra de quatro aeronaves A29 Super Tucano, fabricadas pela Embraer, empresa brasileira.

Fortalecimento das relações Brasil-Panamá em meio a tarifas dos EUA

A visita de Mulino marca a terceira recepção de Lula a presidentes estrangeiros em agosto, refletindo a intenção do Brasil de fortalecer laços com países da região. As visitas foram agendadas antes da imposição do tarifaço pelos EUA, que desde 6 de agosto sobrecarregou produtos brasileiros com uma taxa de 50%. Diante do impasse nas negociações com Trump, o governo brasileiro tem buscado novas oportunidades de mercado em outros países.

Preparativos para a COP 30 em Belém e desafios logísticos enfrentados

Além disso, Lula tem aproveitado essas reuniões para reforçar convites para a COP 30, que será realizada em Belém, PA, em novembro. O governo brasileiro está trabalhando para garantir que países desenvolvidos contribuam para a preservação das florestas. Contudo, delegações estrangeiras têm manifestado preocupações com os altos custos de hospedagem na cidade, uma questão que o governo promete resolver para assegurar uma boa representação no evento.
Em 2024, a corrente de comércio entre Brasil e Panamá alcançou US$ 934,1 milhões, com um superávit favorável ao Brasil, cujas principais exportações para o Panamá incluem petróleo e produtos manufaturados.