Belo Horizonte homenageia vítimas da ditadura militar em 2025
Belo Horizonte homenageia vítimas da ditadura militar brasileira em 2025
Famílias de 22 vítimas da ditadura militar brasileira foram homenageadas nesta quinta-feira, 28 de agosto de 2025, em Belo Horizonte, durante uma cerimônia histórica na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Os familiares receberam certidões de óbito retificadas, que agora reconhecem oficialmente a morte violenta causada pelo Estado.
Cerimônia pioneira em Minas Gerais reconhece a verdade histórica
Esta é a primeira vez no Brasil que uma entrega coletiva de certidões de óbito retificadas é realizada. Antes, os documentos apresentavam causas de morte variadas, como desaparecimento, o que ocultava a responsabilidade do Estado nas mortes. Com a nova formatação, as certidões agora registram: “Morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”.
Significado da data: 45 anos da Lei da Anistia
A escolha do dia 28 de agosto não é mera coincidência. Esta data marca os 45 anos da promulgação da Lei da Anistia, um importante passo na transição do Brasil para a democracia após anos de repressão. Além disso, 30 de agosto é lembrado como o Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, ressaltando a relevância do reconhecimento das atrocidades cometidas durante a ditadura.
Reparação histórica e compromisso com os direitos humanos
As deputadas Bella Gonçalves e Leninha, responsáveis pela audiência pública que precedeu a cerimônia, enfatizaram a importância desse reconhecimento. “Ao oficializar a responsabilidade do Estado pelas mortes e desaparecimentos, o Brasil reafirma seu compromisso com os direitos humanos e com a reconstrução da memória nacional”, disseram. Elas destacaram que “centenas de outras famílias aguardam há décadas o reconhecimento formal da verdade sobre seus entes queridos”, ressaltando que a retificação das certidões é um gesto importante de reparação histórica.
Uma lembrança que ainda ressoa: o caso Rubens Paiva
Um dos momentos marcantes foi a correção da certidão de óbito do ex-deputado federal Rubens Paiva, que foi atualizada em 23 de janeiro de 2025. O evento coincidiu com a indicação do filme “Ainda Estou Aqui” ao Oscar, reforçando a importância da memória e da justiça para aqueles que ainda buscam respostas. A versão anterior da certidão informava apenas que Paiva estava desaparecido desde 20 de janeiro de 1971.
A cerimônia não apenas recorda os horrores do passado, mas também serve como um lembrete da luta contínua por justiça e reconhecimento no Brasil.
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