Fintechs e Crime Organizado: Desafios e Regulamentação no Brasil
Fintechs em São Paulo: Aliadas do Crime Organizado no Brasil
A superintendente da Receita Federal em São Paulo, Marcia Meng, alertou nesta quinta-feira, 28 de agosto de 2025, que o crime organizado no Brasil está se sofisticando, especialmente com a ajuda de fintechs. Durante a coletiva sobre a operação Carbono Oculto, ela destacou como essas empresas financeiras estão permitindo a “bancarização” do dinheiro ilícito.
A Comparação entre PCC e Cartéis: Crime Organizado em Evolução
Meng explicou que, ao contrário dos bancos tradicionais, as fintechs não têm obrigações de transparência em relação à origem dos recursos que movimentam. “O crime organizado tomou conta de todos os elos da cadeia produtiva de combustível. Através das fintechs, esse dinheiro entra no sistema financeiro formal e torna-se difícil de rastrear”, declarou.
Estruturas de Ocultação: Fundos de Investimento do PCC em São Paulo
Em uma comparação impactante, a superintendente citou a série “Narcos”, da Netflix, para ilustrar como o Primeiro Comando da Capital (PCC) está utilizando estratégias semelhantes às do Cartel de Medellín. “Antes, os traficantes enterravam seu dinheiro. Hoje, o crime organizado bancariza e coloca seu capital no mercado de capitais para render”, afirmou.
Impactos Econômicos do Crime: Sonegação Bilionária do PCC
A Receita Federal já identificou cerca de 40 fundos de investimento, que juntos controlam R$ 30 bilhões e estão ligados ao PCC. Esses fundos operam como estruturas de ocultação de ativos, dificultando a identificação dos verdadeiros proprietários dos recursos. “Esses fundos são fechados, com um único cotista, criando camadas de ocultação”, explicou Robinson Barreirinhas, secretário especial da Receita Federal.
Urgente: Regulamentação das Fintechs para Combater Lavagem de Dinheiro
Entre 2020 e 2024, o esquema criminoso sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos e movimentou R$ 52 bilhões em postos de combustíveis, com um nível de tributações muito abaixo do esperado. A operação Carbono Oculto é uma força-tarefa que envolve cerca de 1.400 agentes e visa desarticular esse intricado sistema, que afeta não só os consumidores, mas toda a cadeia econômica ligada ao setor.
Chamado à Ação: A Necessidade de Regulamentação Urgente
Barreirinhas ressaltou a urgência de discutir a regulamentação das fintechs no Brasil. “Atualmente, temos um verdadeiro paraíso fiscal formado por essas empresas, que operam sem a devida transparência”, afirmou. A operação, que conta com a colaboração de várias agências, busca acabar com a impunidade e restaurar a integridade do sistema financeiro.
Com o crescimento das fintechs, o desafio para as autoridades é garantir que a inovação financeira não se torne um canal para a lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas. As investigações continuam, e a Receita Federal permanece vigilante na luta contra o crime organizado em São Paulo e em todo o Brasil.
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