Sepultamento de Mestre Damasceno em Salvaterra emociona comunidade
Sepultamento de Mestre Damasceno em Salvaterra, PA, emociona comunidade
O corpo de Mestre Damasceno, renomado compositor e criador do Búfalo-Bumbá, foi sepultado na manhã desta quinta-feira, 28 de agosto de 2025, em Salvaterra, no Marajó. O sepultamento ocorreu após dois dias de velório, que foram marcados por celebrações e homenagens à sua vida e obra.
Despedida cultural e musical marca velório de Mestre Damasceno em PA
O mestre, que faleceu aos 71 anos em Belém, onde estava internado por complicações de saúde, teve uma despedida que refletiu sua essência artística. O velório teve início ainda na terça-feira, 26 de agosto, no Museu do Estado do Pará, no Dia do Carimbó, gênero musical do qual ele era uma das grandes referências. “Foi ele quem me ensinou a gostar da dança”, declarou Sofia Pantoja, de 11 anos, enquanto dançava carimbó durante o cortejo. Na quarta-feira, 27 de agosto, o corpo foi transportado em uma balsa até Salvaterra, distante cerca de três horas de barco da capital paraense. A cidade natal de Damasceno foi palco de mais homenagens, com música e cortejos que atraíram uma multidão de admiradores que vieram se despedir do ícone cultural.
Homenagens emocionantes em Salvaterra para Mestre Damasceno, ícone do Marajó
Na quinta-feira, amigos e familiares mantiveram a vigília em frente à casa de Mestre Damasceno durante a madrugada. Grupos de carimbó e mestres de outras localidades se uniram em tributo ao artista, enquanto uma multidão seguia o cortejo pelas ruas da cidade. O caixão foi carregado nos ombros dos moradores, cercado por aplausos e cânticos, conforme a comunidade se despedia de quem dedicou sua vida à arte do Marajó. A última homenagem ocorreu no cemitério São Pedro, onde o sepultamento foi acompanhado ao som do boi e do búfalo-bumbá, simbolizando a rica herança cultural que Damasceno deixou. “Adeus, meu povo, que eu já vou me embora”, cantou-se em coro, em referência à Toada da Despedida, uma música inédita composta pelo mestre.
Legado de Mestre Damasceno: cultura popular paraense em destaque
Natural da comunidade quilombola do Salvar, em Salvaterra, Damasceno Gregório dos Santos, mais conhecido como Mestre Damasceno, foi um defensor incansável da cultura popular paraense. Em sua trajetória, ele compôs mais de 400 canções e recebeu em maio deste ano a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta honraria do Ministério da Cultura. “Trago comigo tudo o que aprendi com meus pais e avós, ancestrais quilombolas”, disse Damasceno durante a cerimônia de premiação. Seu legado, que inclui a valorização do boi-bumbá e do carimbó, continuará a inspirar as novas gerações. “Ele deixa um legado muito grande para a geração mais nova com relação aos seus saberes ancestrais”, afirmou Nego Ray, mestre de carimbó. A cultura popular do Marajó perdeu um de seus grandes representantes, mas a música e a arte de Mestre Damasceno permanecerão vivas na memória e no coração do povo paraense.
Deixe o seu comentário! Os comentários não serão disponibilizados publicamente